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segunda-feira, 28 de março de 2011

Velha Infância



Interessante como a nossa memória trabalha...Quando menos esperamos, vemos algo, sentimos determinado cheiro, ouvimos uma frase ou uma música, e aquilo nos remete à uma lembrança há muito esquecida em nossa "caixinha de lembranças". Hoje ocorreu algo similar comigo.
Eu estava passando por uma bairro no qual morei em minha infância e de repente me deparei com uma padaria, a mesma que eu ia com minha irmã comprar o pão do café da manhã antes de irmos para o colégio. E nessa mesma padaria, às vezes, íamos eu e meu pai, aos sábados à noite para comprar pão, mortadela e coca-cola. Nossa!!! Lembro como se fosse hoje. Era tão raro entrar coca-cola em casa, que no dia em que fazíamos essa "extravagância", era uma festa.
A partir daí outras lembranças surgiram.


Lembro das muitas vezes em que minha mãe fazia bolo para o lanche e eu e minha irmã disputávamos o pote com o restinho da massa pra lamber. Parecia que o bolo era mais gostoso naquele tempo. E do sorvete de abacaxi que ela fazia - muito raramente porque dava um trabalhão danado. Mas lembro também que eu tinha uma paixão secreta por pêssegos em calda. Mmmmmmm...
O meu pai sempre preferiu as goiabadas. Terminava a refeição, ele já cortava um bom naco do doce na lata.


Minha mãe sempre disse que nunca gostou de cozinhar. Fazia-o porque era obrigada. Mesmo assim o tempero dela sempre foi delicioso.
Ela não me deixou nenhum caderno de receitas. De fato, EU  que fiz um pra mim na época de meu casamento. Sem saber cozinhar quase nada, passei os dias anteriores ao mesmo com um caderno e uma caneta em mãos, seguindo minha mãe pela casa, perguntando como se cozinhava de tudo.
Juro, gente!!! Nesse meu caderno tem de tudo. Feijão, arroz, batata frita, canjica branca, carne assada...
Hoje é meu filho quem diz que por direito de herança esse caderno será dele. Bom saber que quando ele for morar sozinho não vai morrer de fome, ou, quem sabe, quando casar, vai ajudar a esposa nessa tarefa (???).
E minha mãe que diz que perdeu o jeito pra cozinhar esses "extras", hoje em dia pega dicas comigo de como preparar bolos e sobremesas.


O ponto aqui é que cada um de nós tem uma memória culinária guardada. Aquela que só será acionada quando algo der o "click". E tomara que essa sua memória te faça dar um sorriso bobo de satisfação, não importando onde ou com quem você esteja.
Quanto à minha memória, me deu uma vontade louca de comer pão com mortadela e um bom copo de coca-cola. Tin tin!!!!

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